Com 20 anos de história, “Revista Cidades” é vinculada ao PPGGeo da UFFS
Com apoio da UFFS, Revista Cidades está no Portal de Periódicos da Instituição.

Publicado em: 16 de maio de 2022 09h05min / Atualizado em: 16 de maio de 2022 10h05min

A Revista Cidades, um dos periódicos científicos mais importantes de Estudos Urbanos, em particular de Geografia Urbana do país, está institucionalizada na UFFS. Depois de anos desativada, a revista agora está vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Geografia (PPGGeo), mais especificamente a uma das linhas de pesquisa, “Produção do Espaço Urbano-Regional”.

Foi o professor da UFFS – Campus Chapecó Igor Catalão quem, após convite da antiga editora, assumiu o papel de estar à frente da revista. Não sem antes assegurar que não trabalharia sozinho na editoração e que a revista fosse vinculada à UFFS, mais especificamente ao PPGGeo.

Catalão tem uma relação antiga com o trabalho com a revista. Quando estudante de pós-graduação na Unesp, foi um dos que contribuiu com a editoração, cuja responsável, na época, era a professora Maria Encarnação Sposito.

O professor destaca que um fator primordial para que ele assumisse esse papel com a Revista Cidades foi o apoio da UFFS. “Uma das razões de ter conseguido trazer a revista é que dispúnhamos das melhores condições institucionais, seja do ponto de vista de ter um portal de periódicos, seja ter um portal de periódicos com uma pessoa responsável por ele, ter o acompanhamento institucional (com a Comissão Permanente de Periódicos) e recursos que são eventualmente disponibilizados”.

A Revista Cidades

Criada em 2002, a revista teve a primeira publicação em 2004. Era uma revista impressa (até porque não existiam portais de periódicos até então) e, como o professor descreve, era “um tanto artesanal”. Editorada na Unesp de Presidente Pudente, ela foi pensada por um grupo autodenominado de “Estudos Urbanos”. O grupo, formado por geógrafos especializados em Geografia Urbana, formou-se no início do século para debater e publicar, já que havia identificado a carência de uma revista para tratar de cidades e urbanização, em particular, na área da Geografia.

Como lembra o professor, durante o período da fase impressa, a revista teve dois momentos: 1) com editoração na Unesp, com trabalho da professora Encarnação e dos alunos dela (um dos quais, o próprio professor Catalão); e 2) a editoração foi passada à Editora Expressão Popular.

Pelo fato de ser uma revista impressa, como conta o professor, havia a dificuldade de uma efetiva distribuição da tiragem, que foi, em média, de 700 a mil exemplares. “Os exemplares eram enviados pelos Correio para Brasil e exterior. A Biblioteca do Senado dos EUA, uma das maiores do mundo, tem exemplares da Revista Cidades”.

No fim da década de 2000, surge o sistema OJS (na época denominado CEE). A revista, então, é colocada na plataforma e deixa de ser editorada pela Expressão Popular. Conforme relata Catalão, embora houvesse resistência de membros do Grupo de Estudos Urbanos em transformar a revista em on-line, com o passar dos anos essa foi a tendência. Porém, os números que estavam sob a responsabilidade da Expressão Popular, não foram disponibilizados na internet, já que os direitos sobre distribuição e venda eram da editora e não havia a liberação.

Segundo o relato do professor, em 2014, a professora Encarnação deixa a coordenação editorial da revista, passando-a à professora Silvana Pintaudi, da Unesp. Entre 2014 e 2016 são publicados alguns números. Na sequência, a revista foi descontinuada e, embora estivesse no portal, as submissões seguiam abertas, mas sem informações sobre novos números.

No primeiro semestre de 2020, a professora Encarnação e a professora Ana Fani Carlos começaram a se organizar para tomarem a decisão se a revista seria encerrada ou se passaria a outro grupo de editores.

“No meio de 2020, a professora Encarnação perguntou se eu gostaria de assumir a editoração da revista. Fiquei muito feliz, porque acho que a revista trouxe uma contribuição muito importante à área da Geografia. Embora tenha sido descontinuada, se você a consultar no Google Acadêmico, ela ainda é mais citada do que as demais revistas da UFFS. Chegou a ter Qualis A2 na área. Achei que era uma pena que ela acabasse, mas não tinha tido a iniciativa de solicitar que eu assumisse a editoração, até porque não poderia fazer isso sozinho – tinha outras demandas: coincidiu com a implantação do mestrado, do qual era coordenador na época”, ressalta ele.

O professor aceitou mediante as duas condições – que não trabalharia sozinho e que a revista fosse vinculada ao PPGGeo. “Afinal de contas, iria para o Portal da Universidade, contaria com o apoio, inclusive financeiro (aquisição de DOI, por exemplo, será custeada pela Instituição), o trabalho, que foi fundamental, da bibliotecária Franciele Scaglioni da Cruz e do Timelys Anthony Lira da Cruz, da Divisão de Bibliotecas da UFFS (DBIB), além do meu próprio trabalho. Foi feita uma consulta aos demais membros do grupo, que aceitaram prontamente a proposta”, relata o professor.

Trabalho intenso

A partir daí, iniciou o processo de trazer a revista para a UFFS. Isso envolveu diversas frentes: fazer o reconhecimento oficial da transferência, modificando o registro do ISSN; providenciar as alterações na Plataforma Lattes do CNPq; e começar efetivamente o trabalho de implantar a revista no Porta de Periódicos. “Tive um grandíssimo apoio – quero ressaltar – do pessoal da DBIB,  particularmente, do Timelys e, principalmente, da Francieli, que fizeram todo o trabalho de subir os números, criar a revista no portal”.

Conforme o professor, também teve a parte de institucionalização, com a montagem de um processo, envio para a Comissão Permanente de Periódicos e para a Câmara de Pesquisa, Pós-Graduação, Extensão e Cultura do Conselho Universitário para aprovação. Depois das aprovações institucionais, começou, enfim, a organização de todos os números antigos para a colocação on-line. “A professora Encarnação, nesse período, conseguiu que a Editora Expressão Popular cedesse os números que estavam sob sua responsabilidade. De alguns números não encontramos as versões finais, dois deles precisamos escanear integralmente”, conta Catalão.

Foi constituído um novo e ampliado Conselho Científico (Internacional, com professores de diferentes países), um novo Conselho Editorial e a nova equipe de editoração. Uma arquiteta também foi convidada e passou a atuar na arte e no design da revista.
“A revista não tem caixa fixo especificamente, então temos auxílios eventuais de acordo com a situação. Para o trabalho de preparação da arte inicial, o programa de pós em Geografia da Unesp de Presidente Prudente fez o pagamento; para adquirir os direitos autorais de um artigo a ser publicado na edição de relançamento, o pagamento foi feito pelo programa de Pós-Graduação em Geografia da UFRJ e os números de DOI serão custeados pela UFFS".

Conforme o professor, a expectativa é que até o meio do ano todas as edições tenham os DOIs colocados (nenhuma tinha). As edições on-line começaram a ser liberadas e a revista agora conta com um perfil no Instagram (@revistacidades), para divulgação. “A ideia é recolocar a revista para o conhecimento do público, divulgá-la. Queremos que a revista seja redescoberta, embora nunca tenha sido esquecida e siga sendo citada, há uma concentração de citação nas edições que já estavam disponibilizadas on-line”, destaca o professor.

A Revista Cidades e a UFFS

Para o professor Catalão, há vantagens no vínculo da Revista Cidades ao PPGGeo da UFFS. “Primeiro, tem a questão da visibilidade. A revista tem grande visibilidade não só no Brasil, como no exterior. Grandes nomes da Geografia Urbana publicaram na revista, então ela tem grande circulação, é muito lida e citada. Em segundo lugar, é uma revista temática: não é do Programa de Pós-Graduação em Geografia, é vinculada a uma das linhas de pesquisa do PPGGeo, ‘Produção do Espaço Urbano-Regional’, que tem uma relação importante com a temática da revista. É uma via de mão dupla: a revista ajuda a divulgar o programa e o programa ajuda a divulgar a revista. Como o grosso da produção de conhecimento no Brasil se faz nos programas de pós-graduação, é importante que haja algum tipo de vinculação entre as revistas e os programas”.

Quanto à vantagem para a UFFS, ele cita que o Portal de Periódicos ainda é pequeno quando comparado a outras universidades, tendo várias revistas novas que iniciaram na UFFS, têm poucos números, algumas das quais ainda não possuem Qualis. “A Revista Cidades vem reforçar o peso do portal, carregando essa história e tradição da sua existência”.

Submissões e o futuro da Revista Cidades

O professor informa que a submissão de trabalhos está aberta e acontece em fluxo contínuo. “Nosso compromisso é publicar dois números por ano, mas isso vai depender do número e da qualidade das submissões. A revista tem uma característica de sempre se preocupar mais com a qualidade do que com a quantidade”.

Na história da revista, foi variado o número de publicações por ano e o número de artigos por edição, justamente, de acordo com o professor, pela questão da qualidade, além do momento, da contingência, das submissões, da capacidade de gestão da equipe. “Esse cuidado com a qualidade da revista acho que é o que garantiu que ela fosse sempre bem citada e bem-vista pela comunidade acadêmica, não só na Geografia Urbana, que é seu campo preferencial de atuação, como nos Estudos Urbanos de maneira geral. Esse compromisso continua”.

O número de relançamento será especial, com textos de convidados sobre o tema “Pluralidade na Pesquisa Urbana”. A previsão é de que a publicação aconteça até o meio do ano.

Conforme Catalão, outro destaque é o compromisso que o Conselho Editorial está fazendo com a pluralidade da Pesquisa Urbana. “A Revista Cidades, por mais que tenha sido uma revista de qualidade, tinha determinada direção editorial. Agora queremos abrir um pouco mais o escopo da revista para abarcar todas as temáticas e essa pluralidade – e é por isso que o número de relançamento vai chamar-se ‘Pluralidade na Pesquisa Urbana’”, finaliza ele.