Publicado em: 16 de julho de 2024 13h07min / Atualizado em: 16 de julho de 2024 14h07min
Cursar um doutorado já é uma imersão em uma investigação científica. No caso de Luan Alex de Mattos, o cotidiano está fazendo parte e mesmo potencializando suas pesquisas. O primeiro doutorando da UFFS contemplado com uma bolsa do Programa Doutorado-Sanduíche no Exterior (PDSE-CAPES) está na Universidade Sorbonne Paris Nord, sob supervisão da professora Marie-Anne Paveau.
Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos (PPGEL) da UFFS – Campus Chapecó, Luan tem como tema de pesquisa língua materna e constituição do sujeito. “Considerando o tema da pesquisa (língua materna e constituição do sujeito), a possibilidade de trânsito por uma língua estrangeira pode propiciar ganho subjetivo que se coaduna com o tema da pesquisa e seu vértice teórico”, ressalta a orientadora de Luan, professora Angela Stübe.
Além disso, ela frisa a relevância do intercâmbio do doutorando para a pesquisa, não apenas pela possibilidade de apreensão teórica em outra instituição, mas pela possibilidade de interlocução em outros espaços. Ela ainda complementa que a há outro ganho: “a execução do doutorado sanduíche possibilita aproximar os estudos desenvolvidos no "Fronteiras: laboratório de estudos do discurso", do PPGEL, com o grupo de pesquisa da Dra. Paveau, bem como da Universidade Sorbonne Paris Nord”.
Graduado em Psicologia e especialista em Psicanálise, ele soube que a professora Ângela Stübe tinha interesse em Psicanálise. Então, cursou uma disciplina isolada, participou da seleção e foi aprovado no mestrado em Estudos Linguísticos. "A ideia era trabalhar com Michel Pêcheux, porque a análise de discurso francesa se interessa pela psicanálise, mas indo meio que tangencialmente".
No mestrado, as pesquisas desenvolvidas por ele foram ligadas à constituição do sujeito imigrante. Depois de finalizar o mestrado, Luan partiu para o doutorado. Entrou na primeira turma do curso e cursou, também, um semestre na Unicamp. Naquele período, enviou um e-mail para a professora Marie-Anne, solicitando sua supervisão. “Escrevi, e ela respondeu muito rápido, e tive a certeza de seria uma negativa – antes de abrir o e-mail. Mas ela, além de ser extremamente solícita, aceitou prontamente”.
No doutorado, a temática de pesquisa advém do que estudou no mestrado: língua materna e constituição do sujeito. “Primeiro faço essa investigação teórica para entender como aparecem os textos ao longo da história. E depois vou para textos autobiográficos para pensar como esse sujeito ou como essa pessoa que está falando da sua relação com a língua materna se constitui ou como ela atravessa esse sujeito”, explica.
Estar em outro país acabou enriquecendo sua pesquisa. “A compreensão que nós temos é que língua e cultura caminham lado a lado, meio que se entrelaçam. Então tem aí uma importância bastante significativa experiencialmente também. Consigo dizer disso teoricamente, porque eu sou da linguística, sou psicanalista. Porém, acho que isso funciona para todo mundo que vai se propor a fazer um sanduíche, que vai pesquisar fora. Esse deslocamento acho que é bastante interessante. É um conjunto de coisas, são várias que se sobrepõem e que acontecem com uma intensidade bastante grande, que nos atravessa com uma intensidade e que nos tira do lugar-comum”.
Experiência recomendada
Luan conta que faz questão de explicar em detalhes a quem lhe pergunta sobre o caminho para conseguir fazer parte dos estudos de pós-graduação fora do país. Mesmo com as diferenças entre os locais, alguns pontos são essenciais, segundo ele.
A primeira é pensar com certa antecedência sobre quando e para onde deseja ir e quem lhe interessa como supervisor. “É bom pensar com calma, fazer contato com a pessoa e aguardar o retorno”.
Um outro ponto é tentar ir ao exterior o mais cedo possível. “Faço doutorado sanduíche, mas existe a possibilidade de fazer cotutela – que permite que você tenha dois diplomas, um da instituição brasileira e outro da instituição no exterior. Só que para fazer cotutela você precisa de tempo hábil para organizar algumas coisas”. Uma terceira questão é, obviamente, a língua.
É preciso se atentar, segundo ele, quanto à idade. “Há uma diferença de compreensão de status que se tem entre o Brasil e a França. Quase não me inscrevi, por conta da idade. Porém, aqui eles não entendem que eu seja um estudante, eles entendem que eu seja um pesquisador, então, em função do status, deu certo”.
Ele sugere, ainda, que os candidatos façam contatos com quem já conseguiu fazer esse caminho. Se não particularmente, em grupos de brasileiros. “Acho extremamente resolutivo, já que as pessoas têm questões muito próximas”.
Por fim, ele sugere que os colegas busquem realizar estudos no exterior. “Cada possibilidade de deslocamento físico, experiências, conhecer outras formas de ser sujeito, propicia deslocamentos psíquicos e a gente vira uma outra pessoa”, resume.
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