Escolhas diferentes com resultados parecidos no curso de Ciência da Computação
Seja na carreira acadêmica ou no mercado de trabalho, a maioria dos formados e formandos do curso têm algo em comum: o sucesso

Publicado em: 20 de fevereiro de 2019 12h02min / Atualizado em: 20 de fevereiro de 2019 16h02min

Em breve, na quinta-feira (21), mais uma turma de Ciência da Computação vai colar grau na UFFS – Campus Chapecó. São 17 estudantes – dos quais alguns já colaram grau, em gabinete – e, além das comemorações, da emoção pelo fim de uma etapa importante na carreira de qualquer pessoa, um aspecto chama a atenção: o encaminhamento dos estudantes – seja profissionalmente ou na carreira acadêmica.

Segundo o coordenador do curso, Emílio Wuerges, e o professor que o antecedeu no cargo, Marco Aurélio Spohn, o curso – aqui e em vários lugares do país – tem esta característica: durante o percurso, muitos estudantes buscam estágios e conseguem vagas de trabalho antes mesmo da formatura (depois de colar grau, conseguem cargos ainda melhores) ou se dedicam muito aos estudos, participam de atividades extraclasse e seguem na vida acadêmica.

Pelo menos três atividades extraclasse impulsionam os estudantes durante a graduação para o sucesso na carreira acadêmica ou no mercado de trabalho. Para os docentes, faz muita diferença para os graduandos participarem da Empresa Júnior, do Clube de Programação ou de projetos de Iniciação Científica.

Há, também, segundo os professores, os profissionais que não se formam por, ainda durante o curso, conseguirem boas colocações no mercado de trabalho. “Procuramos mostrar a eles que, com a graduação, podem ter acesso a vagas ainda melhores, com salários ainda mais atrativos”, ressalta o professor Spohn.
Por outro lado, há estudantes que seguem na carreira acadêmica para além do Mestrado. O primeiro formado pelo curso, Geomar Schreiner, por exemplo, está no doutorado na UFSC.

“Embora a UFFS seja uma instituição nova, o perfil dos formandos está muito parecido com os formandos de instituições já consolidadas. O pessoal consegue entrar cedo e bem no mercado de trabalho e também na academia. Isso quer dizer que estamos trilhando o caminho certo”, destaca o professor Spohn. “Também vemos a qualidade da formação pelo alcance que nossos alunos têm. Se estão conseguindo competir por vagas de Mestrado e conseguindo trabalhar nos principais centros do país, significa que estão equiparando-se a alunos das outras instituições. Essa é a medida mais objetiva que a gente tem. Não fizemos uma pesquisa sobre isso, então é difícil afirmar de maneira categórica. Mas temos indicativos: um grupo formado por egressos nossos montou uma empresa e ganhou um prêmio internacional em uma conferência de saúde (a empresa, Iara Health, é voltada ao desenvolvimento de soluções de Inteligência Artificial para melhorar o fluxo de trabalho na área da saúde e da medicina)”, frisa o coordenador.

Alguns exemplos do sucesso

Fernanda Bonetti foi aprovada no Programa de Pós-Graduação em Computação (PPGC) do Instituto de Informática da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). UFRGS, UFPR, UNICAMP, USP e UFRJ foram as instituições nas quais Felipe Chabatura foi aprovado, tendo a confirmação de bolsa em, pelo menos, três delas. João Paulo Castilho foi aprovado em quatro programas: UFRGS, UNICAMP, USP e UFPR. Kétly Gonçalves Machado também foi aprovada em quatro mestrados: UFRJ, UFF, UFPR e USP. Felipe, João e Kétly participaram do Clube de Programação e foram classificados duas vezes (com suas respectivas equipes) na etapa nacional da Maratona de Programação.

Outros formandos, como Henrique José Dalla Corte, já têm empregos garantidos. Henrique atua como Analista de Banco de Dados e ingressará em uma especialização em Arquitetura e Projetos em Cloud Computing. Leduan Rabaioli é Consultor de Implantação de Sistemas em uma empresa há um ano e Eliton Traverssini trabalha como programador na área da automação industrial.

Leonardo Tironi também já atua na área. Ele entrou em uma empresa como Assistente de Desenvolvedor Web e considera que conseguiu iniciar no trabalho por seu esforço e participação em “projetos extraclasse e aulas ministradas”, que, para ele, melhoraram bastante o currículo. “A atividade que mais participei foi o Clube de Programação, coordenado pelo professor Emílio. O clube permite ao acadêmico estudar conteúdos muito mais profundos que os vistos na Graduação, melhora o trabalho em equipe (pois a maratona de programação exige um time de três pessoas) e adapta o estudante ao trabalho sob pressão (quem compete tem um tempo limite para resolver o maior número possível de problemas). Isso dá um diferencial absurdo em comparação a quem não faz nenhuma atividade extraclasse ou projeto”, explica.

Aos calouros, duas recomendações: “se eu pudesse recomendar um projeto para os calouros focarem e seguirem, recomendaria, sem sombra de dúvidas, o Clube. Outra recomendação que eu daria seria a clássica frase ‘não desista!’, porque o caminho é muito difícil, mas compensa pela quantidade de conhecimento que o acadêmico adquire nele e é muito divertido!”, finalizou.

 
Kétly, que já colou grau em gabinete para poder realizar matrícula em Mestrado da USP e atuou durante parte da graduação como servidora técnico-administrativa na própria UFFS – Campus Chapecó, fala um pouquinho sobre o curso, sua trajetória acadêmica e os planos para o futuro:


- Como foi sua trajetória acadêmica? Esteve engajada em projetos de pesquisa, no Clube de Programação ou outros?

No início do curso, participei do projeto Clube de Programação, mais especificamente nos anos de 2014, 2015 e 2016. Em 2014, consegui me classificar para a 2ª fase da Olimpíada Brasileira de Informática (OBI) e nos anos de 2015 e 2016, com meu time, fui classificada para as finais nacionais da Maratona de Programação, evento da Sociedade Brasileira de Computação. Também no início do curso, participei do Centro Acadêmico como tesoureira. Além disso, também estagiei em dois períodos na Universidade, o primeiro em 2013, antes mesmo de iniciar efetivamente o curso (quando as matrículas do 2º semestre também eram realizadas no início do ano), quando fui estagiária no Campus e depois em 2014-2015, quando estagiei na reitoria. Também fui monitora de disciplina por dois semestres. Depois da metade do curso, eu comecei a trabalhar como servidora na UFFS e, por conta das 40 horas semanais dedicadas a essa atividade, minha participação em projetos de pesquisa e extensão foi reduzida, bem como o número de disciplinas cursadas, principalmente para que eu pudesse concluir o curso sem reprovações.

- Como você avalia o curso de Ciência da Computação da UFFS? Quais os pontos positivos e negativos e como ele contribuiu para sua carreira acadêmica?

Ouso dizer que é o melhor do Sul do país e que, se não for o melhor, está entre os melhores. O nosso curso possui um alto nível de rigor acadêmico e científico, que a maioria das instituições não possui. Nossos docentes têm formações respeitadíssimas e, na sua maioria, tratam-se de doutores e pós-doutores. Além disso, a infraestrutura disponível, apesar de não ser perfeita, é de muito boa qualidade e exclusiva para utilização dos discentes de computação, o que melhora a sua conservação. E, apesar de ter alguns professores afastados para formação, o curso "não deixou a peteca cair" e continua sendo de alto nível. Como ponto negativo, exclusivo da minha formação, eu diria que foi o fato de ter sido a primeira turma a iniciar os estudos no Campus definitivo e, por isso, a infraestrutura ainda estava sendo montada, por consequência, houve algumas formações práticas que os calouros de agora podem fazer e que eu não consegui, porque tudo estava em transição, mas nada que afetou a minha formação como cientista da computação.

O curso contribuiu de forma significativa para a minha carreira acadêmica, não acho que poderia ter escolhido uma profissão melhor para mim. Acho fascinante o quanto o curso exige que se "pense fora da caixinha", se use a lógica e o raciocínio para resolver problemas. Gosto sempre de dizer que a ciência da computação não é uma atividade-fim, mas sim uma atividade-meio e, por isso, pode ser aplicada em qualquer área, o que permite que nossos conhecimentos sejam usados de forma flexível. A matemática estará sempre envolvida, mas se eu tenho mais afinidade com a medicina, posso me dedicar exclusivamente à aplicação da computação nesta área e o mesmo vale para a agricultura, para os transportes, para o direito, para a robótica, para as engenharias, enfim, é um mundo de possibilidades.

- Qual mestrado escolherá? Qual sua linha de pesquisa? Claro que a pesquisa muda ao longo do percurso... mas o que irá pesquisar no Mestrado?

Eu escolhi a USP. A minha linha geral de pesquisa é Sistemas de Software e, nessa linha, pretendo me dedicar à Internet das Coisas, cuja proposta principal é criar uma rede de objetos (que podem ser automóveis, eletrodomésticos, dispositivos vestíveis, etc) interconectados, dando condições para que consigam trocar informações entre si e, mais do que isso, desempenhem tarefas. Mas, dentro da Internet das Coisas, ainda não escolhi o tema que vou trabalhar.

- Qual o conselho daria aos calouros do curso?

Meu conselho para quem está entrando no curso agora é manter o foco e persistir. Eu sei que o curso pode ser desafiador na maioria das vezes, mas acredito que com força de vontade e muita dedicação é possível vencer todos os desafios. Outro conselho é que estudem, estudem e estudem um pouco mais, porque o curso exige e, mais do que isso, a carreira profissional exige; além de que, a tecnologia muda e muda muito rápido e precisamos estar sempre nos atualizando. E, por fim, aconselho que participem do maior número de atividades extracurriculares (pesquisa, extensão, cultura) que conseguirem, porque isso conta muito no currículo, os professores sempre falam e a gente só acredita no fim do curso, quando é tarde demais.

- E qual o planejamento para sua carreira?

Eu pretendo ser docente, vou me dedicar para que consiga alcançar isso. Durante a Graduação fui me descobrindo enquanto profissional e percebi que a docência muito me fascina, que é o que eu quero para a minha vida, passar o meu conhecimento adiante, cativar outras pessoas para que se dediquem à computação. E espero que o mestrado permita que eu chegue um pouco mais perto desse meu objetivo!



(Kétly: nós, seus colegas da UFFS – Campus Chapecó, desejamos que tenha muito sucesso!)