Publicado em: 10 de setembro de 2021 12h09min / Atualizado em: 10 de setembro de 2021 20h09min
Professores da rede pública de ensino estiveram na UFFS – Campus Chapecó para mais uma etapa do curso de formação continuada “Pensamento Computacional na Educação Básica: habilidades e competências do Século XXI” na quarta-feira (8). O tema do encontro foi o aplicativo Inventor, no qual é possível o usuário criar aplicativos para os mais variados fins.
A formação continuada é coordenada pelos professores de Matemática da UFFS – Campus Chapecó, Milton Kist e Janice Reichert. Segundo o professor, o Pensamento Computacional é uma forma de usar princípios da computação para a resolução de problemas. “Assim, ele contribui no desenvolvimento do pensamento crítico e criativo para a resolução desses problemas”, pontua.
A professora Janice explica que o Pensamento Computacional pode ser aplicado em várias áreas do conhecimento, e está estruturado em quatro pilares: a abstração (ou seja, a captação das informações centrais, mais importantes de um problema), a decomposição (isto é, quebrar um problema grande em várias partes), reconhecimento de padrões (avaliação de repertório e entendimento se já houve a resolução de um problema parecido) e algoritmo (estruturação dos passos de maneira lógica).
O Pensamento Computacional nas escolas
A maior questão, no momento, é que, conforme a professora, ainda não há clareza por parte dos gestores das escolas como o pensamento computacional será inserido. Na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), há mais ênfase do Pensamento Computacional na Matemática.
“Porém, algumas competências gerais da BNCC dão sentido ao pensamento computacional de uma forma mais ampla. Isso quer dizer que um professor de Língua Portuguesa, de outras áreas do conhecimento, também é incentivado a desenvolver o pensamento computacional em seu componente curricular. Como isso vai funcionar, efetivamente, ainda não existe consenso. A BNCC não traz conteúdos, apenas as habilidades que as áreas da matemática podem contribuir para o desenvolvimento do pensamento computacional”, ressalta Janice.
Ainda conforme a professora, na BNCC o Pensamento Computacional ficou diluído, e não como uma disciplina – o que era a ideia inicial. “Os livros didáticos que estão chegando às escolas estão trazendo seções que abordam o Pensamento Computacional, e depois, programação. Mas como efetivamente fazer isso ainda não sabemos. Vai demorar um pouco ainda até que os professores consigam se familiarizar com o assunto para poder fazer o uso disso em sala de aula, também”.
O professor Milton enfatiza que, por ser algo novo, há essa discussão. Além disso, ele destaca que, na rede, provavelmente os professores não tiveram o desenvolvimento dessas habilidades, que justamente, em breve, terão que levar para a sala de aula.
Nesse sentido, ele aponta que na Licenciatura em Matemática da UFFS – Campus Chapecó já foi oferecida uma disciplina de Pensamento Computacional como optativa. “Agora, vamos oferecer novamente, por demanda dos alunos. Não temos levantamento dos projetos curriculares de outras instituições, mas acreditamos que não devam ser diferentes da nossa instituição no quesito da oferta dessa disciplina”.
Pesquisa e Extensão
Para contribuir com os professores que estão nas escolas, e que precisam desenvolver conteúdos de Pensamento Computacional com seus estudantes, os professores pensaram no curso.
A formação continuada é ligada a uma pesquisa, que investiga como vem sendo feita a inclusão do Pensamento Computacional na Educação Básica. “Nosso foco é avaliar se os professores se sentem preparados para inserir lá no componente de matemática da educação básica”, ressalta a professora Janice. Na equipe com os professores estão dois estudantes voluntários e uma bolsista.
O início da formação foi em abril, com encontros remotos, com conteúdos teóricos, como o conceito e os pilares do Pensamento Computacional, além de elementos sobre a inserção na BNCC. Durante o curso, também foi trabalhado o Pensamento Computacional desplugado, ou seja, sem o uso de artefatos tecnológicos, conforme o professor Milton.
Ao final das etapas de conhecimento teórico e a respeito de programação e desenvolvimento de aplicativos, os professores das escolas, sob orientação, farão uma proposta para ser trabalhada em sala de aula.
Aprendendo e ensinando
Lucinha Santos, professora orientadora no Laboratório na Escola de Educação Básica Zitta Flash, no Bairro Passo dos Fortes, é uma das participantes da formação. “A tecnologia está muito presente no nosso dia a dia, então sempre precisamos aprender mais e melhorar para passar aos alunos. Estou conseguindo aplicar, colocar em prática o que já aprendi”, relata.
Segundo ela, os estudantes se interessaram bastante pela atividade desplugada, que foi com o uso de algoritmo. “Eles gostaram muito: tiveram o aprendizado da Matemática, ligado à parte da programação”. Com estudantes do Ensino Médio, conforme Lucinha, ela propôs uma atividade um pouco mais avançada, com o uso do Skretch. “Senti que gostaram bastante, porque tira um pouco daquela rotina de conteúdo da sala, levamos eles à prática com a tecnologia. Os alunos são ligados à tecnologia, já sabem tudo de tecnologia. Se pudermos associar a Matemática com a tecnologia, que é o mundo deles, acho que o aprendizado fica mais fácil”, finaliza ela.
Além dos professores que estão cursando a formação, quem também aprende e ensina é a bolsista do projeto de desenvolvimento de aplicativos com o app Inventor, Bruna Miconski. A estudante da sétima fase de Matemática, está desde agosto de 2020 melhorando seus conhecimentos no App Inventor.
Conforme Bruna, esse foi seu primeiro contato com o App Inventor. “Não conhecia, nunca tinha ouvido falar do app Inventor. Estudei muito, assisti muito vídeo no YouTube, até começar a trabalhar com ele e desenvolver meus próprios aplicativos matemáticos, além de produzir um material, uma apostila, com tutorial de como utiliza a ferramenta”. Ao mesmo tempo, relata, ela começou a estudar sobre Pensamento Computacional.
Para ela, quando o aluno compreende o conteúdo, ele tem que saber reproduzi-lo de mais de uma maneira diferente. “Quando o aluno trabalha com o pensamento computacional e com o app Inventor, com desenvolvimento de aplicativo, o aluno terá que aplicar o que conhece da matemática. O pensamento computacional envolve a resolução de problemas. Ele precisará pensar, raciocinar, aplicar tudo o que ele conhece para o desenvolvimento do aplicativo”.
Bruna encara o desafio de passar seus conhecimentos a profissionais, pessoas que já atuam em sala de aula como professores, como um grande aprendizado. “É ótimo, por eu poder mostrar e transmitir tudo o que pesquisei, busquei, aprendi. É uma oportunidade de mostrar a eles que mesmo tendo tantas dificuldades, é possível ensinar Matemática de novas maneiras”.
A empolgação da estudante é intensa. “É o que me motiva atualmente no curso, e pretendo seguir buscando e pesquisando, inclusive no TCC”, finaliza
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