Publicado em: 07 de julho de 2014 08h07min / Atualizado em: 19 de janeiro de 2017 08h01min
Foi lançado na última semana o "Fórum Permanente de Debate Científico e Ação Política: questão agrária e desenvolvimento", na Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) – Campus Laranjeiras do Sul. O fórum é um coletivo formado por professores, alunos, pesquisadores, servidores técnico-administrativos e lideranças de movimentos populares, o qual pretende debater sobre o problema da concentração de terras no Brasil, no Paraná e na região da fronteira sul, e sua relação com o subdesenvolvimento.
"O tema do fórum diz respeito às bases fundantes da UFFS, que é a questão da reforma agrária, a discussão do espaço rural, do desenvolvimento sustentável, da promoção da agricultura familiar, da agroecologia, a questão dos recursos renováveis, da produção de energia limpa e, especialmente, a questão fundiária. A universidade tem uma posição sobre a concentração de terras no Brasil e esse fórum vem com o intuito de discutir todas essas temáticas", explica Paulo Henrique Mayer, diretor da UFFS - Campus Laranjeiras do Sul.
Participaram do lançamento professores, alunos, indígenas, agricultores assentados e membros da comunidade ligados a movimentos sociais, como o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), entre outras entidades.
"O principal objetivo do fórum é trazer esse povo para a universidade e também levar a universidade a fazer pesquisas e oferecer um trabalho de qualidade no campo da pesquisa e da divulgação através da extensão", aponta o professor Luiz Carlos de Freitas, um dos organizadores do coletivo.
Para o aluno Rodrigo de Oliveira, da 1ª fase do curso de Licenciatura em Educação do Campo: Ciências Sociais e Humanas, o fórum também está relacionado com o futuro dos acadêmicos da UFFS – Campus Laranjeiras do Sul. "A gente tem vários cursos, em diversas áreas, que têm a ver com a agricultura, e por essa região ser em sua maioria de pequenos agricultores, criamos o fórum para discutir questões agrárias e de desenvolvimento, ao mesmo tempo em que a gente discute o futuro dos nossos acadêmicos e o papel da UFFS nesse contexto", afirma o estudante, que participou da criação do coletivo.
A integração de membros dos movimentos sociais ligados ao campo é a principal motivação de Mônica Macedo, dirigente estadual do MST no Paraná, para participar do fórum. "A universidade precisa se pintar de povo, precisa atrair o pessoal do movimento sem terra, dos atingidos por barragens, os pequenos agricultores, os indígenas. Nada mais justo que um espaço deste integre todas essas pessoas. O que me motiva a participar é que a universidade tenha de fato uma função social; que além das pessoas virem à universidade, a universidade possa ir até as pessoas", opina a militante.
Thiago Oliveira, também membro do MST, reforça a ideia de integração como seu objetivo para participar do fórum. "A motivação é trazermos a pauta dos movimentos sociais, não só do movimento sem terra, mas dos outros movimentos sociais que fazem a luta pelo campo, levando para a sociedade em geral aquilo que as organizações vêm debatendo nos espaços urbanos e rurais e um projeto para a classe trabalhadora", aponta Thiago.
O professor Mayer destaca a abertura da UFFS para receber as demandas dos movimentos sociais. "Eles foram os movimentos que lutaram para trazer a universidade aqui para a região e é legítimo que eles venham para dentro da universidade e tragam agora os seus anseios, as suas lutas e as suas reivindicações", afirma o diretor.
O evento de lançamento do fórum começou com uma mística, em que foram questionados, através de cartazes e outros símbolos, o modelo de desenvolvimento atualmente adotado, principalmente no que diz respeito à mídia e à produção de alimentos. Ao final, os participantes da mística ergueram uma pequena barraca de lona preta para simbolizar a luta pela terra.
Fórum
O fórum permanente funcionará por meio de grupos de estudos e assembleias populares periódicas, para garantir a socialização dos conhecimentos culturais, científicos e políticos produzidos em conjunto sobre a temática da questão agrária e desenvolvimento. Suas atividades têm caráter teórico e prático de acordo com os interesses de cada classe trabalhadora.
Entre os objetivos do coletivo estão promover e apoiar a relação entre universidade e a comunidade regional, entre educação e trabalho e entre ciência e política, sob uma perspectiva emancipatória. O grupo também irá impulsionar a implantação de políticas públicas que atendam às necessidades dos trabalhadores da região e, ainda, realizará e acolherá demandas de pesquisas de relevância social, vinculadas à questão agrária e ao desenvolvimento regional.
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