A extensão é um dos pilares da Universidade, aproximando acadêmicos e público em geral a partir do desenvolvimento de serviços e atividades. O Programa de Extensão em Segurança Alimentar e Nutricional (Nutrisan) da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) – Campus Realeza é uma dessas iniciativas e beneficiou, ao longo de um ano e meio, 2.589 moradores de Realeza.

Os resultados do Nutrisan agregam as práticas de três projetos de extensão: Atenção primária à saúde; Atenção nutricional para indivíduos e grupos atendidos na Clínica-Escola de Nutrição da UFFS e Iniciativas de boas práticas de fabricação e manipulação de alimentos. Todos os projetos buscam levar mais qualidade de vida aos moradores, por meio de atividades que trazem mais informações e orientações sobre os cuidados com a saúde, especialmente, voltadas à questão nutricional e alimentar.

A coordenadora do programa, professora Amélia Dreyer Machado, fala que a Extensão universitária é de grande importância para a sociedade, pois é o espaço no qual as teorias da academia são concretizadas na prática. “É na Extensão que ocorre a aproximação entre a universidade, o serviço e a comunidade, é nas ações de Extensão que a UFFS demonstra seu compromisso efetivo com a população”, comentou.

Orientações sobre alimentação saudável com as crianças são feitas com brincadeiras e atividades lúdicas (Divulgação/UFFS)

A partir das práticas extensionistas do Programa Nutrisan, foi detectado, por exemplo, que o sobrepeso e a obesidade afetam mais de 30% das crianças realezenses. O diagnóstico nutricional dos alunos matriculados nas escolas de Realeza é feito anualmente pela Prefeitura, por meio da Secretaria de Educação, Cultura e Esporte, em parceria com o curso de Nutrição da UFFS. Nas escolas pelas quais passaram, os acadêmicos também orientaram as crianças e os professores, incentivando uma alimentação mais saudável, por meio de contação de histórias, pinturas, música, oficinas e vídeos.

Cursando a 6ª fase do curso de Nutrição, a acadêmica Fernanda dos Santos foi uma das que contribuíram na formação nutricional de alunos e professores. A estudante relatou como a experiência de Extensão é rica para a comunidade e a Universidade. “Atuar no Projeto me possibilitou trabalhar com pessoas de diferentes idades, já que atuávamos tanto com as crianças dos Centros de Educação Infantil quanto na educação de jovens e adultos, além do trabalho com os professores e a comunidade escolar em geral. Entendi como a educação alimentar e nutricional é importante para os futuros hábitos dessas crianças, o que interfere diretamente na saúde desses indivíduos”, detalhou.

Mas o Programa Nutrisan não esteve apenas no espaço escolar, também esteve presente na Unidade de Saúde da Família do bairro Jardim Primavera. Durante a espera pelo atendimento médico, os acadêmicos conversavam com as gestantes e demais pacientes, fornecendo dicas de alimentação e entregando materiais educativos. Também participaram de visitas domiciliares e ofertaram oficinas para as gestantes, demonstrando receitas nutritivas e saudáveis, cerca de 200 mulheres foram atendidas de forma coletiva ou individual nessas práticas.

Acadêmicos também conversaram com alunos e familiares da APAE de Realeza (Divulgação/UFFS)

E nesse diálogo direto com a população e profissionais da saúde, os acadêmicos ampliaram as ações com visitas domiciliares aos idosos acamados e organizaram um curso de formação aos Agentes Comunitários de Saúde (ACSs). Foram realizadas 20 visitas domiciliares a idosos, além de serem confeccionados materiais educativos com figuras para facilitar o entendimento dos cuidadores. Já o curso, levou orientações a 20 ACSs sobre cuidados referente à alimentação em casos de obesidade, hipertensão, diabetes e também os cuidados com a gestante quando apresenta algum desses agravos.

O contato com os problemas da população, ampliaram o aprendizado da acadêmica Pamela Luana Campra. Hoje ela cursa a 10ª fase do curso de Nutrição e utiliza o que viveu nas experiências de estágio. “Tive contato com diferentes pacientes, sendo gestantes ou não e das mais diferentes idades. A prática nos deixa mais preparados, tanto é que posso aplicar vários conhecimentos na minha fase de estágio. A atividade que mais surpreendeu, atuando no Nutrisan, foi o trabalho com as ACSs, pois são pessoas que se dedicam ao máximo, tem vontade de aprender e buscam ajudar sempre a população”, relatou.

Os resultados do programa também são elogiados pela nutricionista Maiara Inês Gambato, que atua na Secretaria Municipal de Saúde de Realeza. “Os acadêmicos fazem um excelente trabalho nas escolas, com as gestantes, as ACSs, enfim, temos a agradecer essa parceria, pois nem sempre conseguimos ter esse contato mais próximo aos pacientes. As ações do Nutrisan abrangem um público maior, beneficiam a comunidade e contribuem na mudança de comportamento das pessoas sobre alimentação”, avaliou.

Na Clínica-Escola de Nutrição da UFFS, foram produzidos materiais educativos que apresentam as quantidades de açúcar, sal e gordura em alimentos processados, folders, cartazes, assim como a prestação de atendimento a grupos específicos e individuais, que somou a participação de 240 pessoas. “Dentre as impressões subjetivas sobre o atendimento descritas pelos pacientes foi possível verificar que a maioria delas foi positiva, ressaltando dedicação, atenção e simpatia dos estudantes e a qualidade das informações”, apontou a coordenadora do Nutrisan, Amélia Dreyer Machado.

Já no projeto de boas práticas de fabricação e manipulação de alimentos, foram atendidos nove estabelecimentos, entre pizzarias e panificadoras. Proprietários e funcionários, totalizando 19 pessoas, foram instruídos sobre qualidade no armazenamento e recebimento de alimentos, rotulagem, controle de temperatura, contaminação, controle de pragas, potabilidade da água, controle de restos e sobras, legislação, higiene pessoal e higiene de instalações, equipamentos, móveis e utensílios, entre outros.

Para 2019, o Programa Nutrisan ainda contará com os mesmos três projetos de extensão, porém atenderá outras demandas da comunidade de Realeza, auxiliando professores da Educação Básica para sensibilizá-los quanto a inclusão da temática de educação alimentar e nutricional nas disciplinas que ministram, além de capacitar os produtores da agricultura familiar para as boas práticas de fabricação e manipulação de alimentos. “Este ano, teremos a participação de 15 acadêmicos, seis professores e um técnico. Ainda estamos em fase de formação e planejamento das atividades, mas pretendemos iniciar esse novo trabalho nos próximos meses”, completou Machado.

Público atingido no Programa NUTRISAN - Edição 2018-2019