Professores do Campus Erechim desenvolvem ferramenta para auxiliar gestores no combate à Covid-19
Eles implementaram um dashboard online, gratuito, que possibilita visualização de diversos cenários

Publicado em: 13 de abril de 2020 14h04min / Atualizado em: 14 de abril de 2020 11h04min

Desde a última semana os gestores públicos têm disponível mais uma ferramenta para auxiliar no desenvolvimento de estratégias voltadas ao combate da epidemia de Covid-19. É um dashboard interativo online e gratuito desenvolvido pelos professores do curso de Engenharia Ambiental e Sanitária do Campus Erechim, José Mario Vicensi Grzybowski e Roberto Valmir da Silva.

Segundo os professores, o dashboard ajuda a compreender a dinâmica da epidemia de COVID-19. “A ferramenta tem como objetivos possibilitar a visualização de cenários e prognósticos que dêem suporte ao planejamento de ações e estratégias voltadas ao combate à epidemia. O modelo epidemiológico, chamado SEIR expandido, foi adaptado do conhecido modelo SEIR (Suscetíveis-Expostos-Infectados-Removidos) para prover informações importantes para o planejamento, tais como pico de hospitalizações em leitos simples e em UTIs. O dashboard possibilita a simulação de estratégias de combate à epidemia, tais como a realização de lockdowns ou a introdução da medida de quarentena de parte da população”, explicam.

O dashboard interativo está disponível no sítio https://dashseir.herokuapp.com/.

“Nesse contexto de enfrentamento de um agente infeccioso amplamente desconhecido que se espalha exponencialmente, a adoção tempestiva de estratégias acertadas de controle e mitigação é da maior importância. Da mesma forma, a otimização das medidas de contenção da epidemia deve levar em conta a necessidade de manutenção da atividade econômica. Embora o foco sob o ponto de vista de controle epidemiológico esteja localizado no achatamento da curva e projeção de prioridades futuras de infraestrutura, o cronograma estratégico de controle da epidemia pode ser desenvolvido de forma a otimizar a manutenção da atividade econômica, tanto quanto possível embora abaixo dos níveis prejudiciais ao controle da epidemia. De fato, encontrar esse equilíbrio tênue e frágil entre controle da epidemia e manutenção da atividade econômica parece estar no centro da maioria dos debates políticos, sendo que a maior parte deles não utiliza uma abordagem científica. É nesse contexto, que a modelagem matemática da dinâmica da epidemia pode fornecer uma contribuição valiosa ao permitir aos gestores testar e validar estratégias de ação antes que sejam de fato aplicadas na prática. Além de ajudar a compreender a dinâmica da epidemia sob diferentes cenários, a utilização de modelos matemáticos permite o lançamento de prognósticos acerca das dimensões da infraestrutura médica necessária para a crise. Adicionalmente, os modelos matemáticos fornecem uma base científica para a discussão e planejamento, na medida em que suas suposições subjacentes podem ser examinadas aberta e objetivamente a fim de avaliar seu escopo, acurácia e as incertezas associadas, complementam.

O objetivo da utilização do dashboard é permitir o estudo integrado de estratégias de controle de epidemias e planejamento da infra-estrutura médica necessária para mitigar a crise tanto quanto possível. Para possibilitar a aplicação do modelo, ele foi implementado em uma plataforma online, gratuita, interativa e, na medida do possível, intuitiva. Espera-se que a plataforma possa fornecer aos gestores uma ferramenta para redução no tempo de resposta à epidemia e prover clareza para o planejamento de medidas de contingência acertadas.

O modelo foi implementado na linguagem de programação Python 3.7 e apresentado como um dashboard interativo criado com a biblioteca Dash Plotly.

O modelo foi desenvolvido e implementado durante a primeira semana de abril e está disponível online desde a semana passada. Os professores também apresentaram a ferramenta a representantes da Secretaria Municipal de Saúde de Erechim e à 11ª Coordenadoria Regional de Saúde.

Abaixo, algumas figuras geradas pelo dashboard. Elas fazem simulações que consideram uma cidade com 100.000 habitantes e parâmetros da infecção retiradas de publicações científicas recentes.

Gráfico simula cenário de hospitalizações sem isolamento e sem quarentena (Imagem/Divulgação)

 

Agora esse gráfico simula cenário de hospitalizações com isolamento e com quarentena (Imagem/Divulgação)