A lista de obras literárias do Vestibular Unificado 2020 da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) é composta por seis títulos e inclui livros de diferentes editoras, vários deles em edições de bolso e em domínio público, buscando democratizar o acesso para os candidatos. A seleção de Literatura Brasileira da Comissão Permanente do Vestibular (Coperve) tradicionalmente procura contemplar um repertório diversificado, que aborde questões contemporâneas importantes e que estimule a formação do candidato como leitor.

Após ampla discussão com profissionais com vasta experiência no Ensino Médio e Superior e com formação e experiência na área de Letras, são selecionadas obras clássicas da nossa literatura. Para o concurso unificado deste ano, foram incluídos escritores canônicos como Lima Barreto, Jorge Amado e Lygia Fagundes Telles, mas frequentemente também figuram nessa lista obras de Machado de Assis, Manuel Bandeira, Nelson Rodrigues, José de Alencar, Clarice Lispector, Graciliano Ramos, Mário de Andrade, Euclides da Cunha, Monteiro Lobato, entre outros.

Juntamente com escritores renomados, procura-se dar conta da contemporaneidade da literatura brasileira, o que justifica a inclusão de autores ainda vivos e atuantes, reconhecidos pela crítica como importantes apostas, como é o caso de Angélica Freitas, Elvira Vigna, Conceição Evaristo, Luis Fernando Verissimo, Milton Hatoum, Cristovão Tezza e Raduan Nassar.

Vale destacar que cada lista da Coperve busca equilibrar a quantidade de autores e autoras, uma vez que historicamente as mulheres têm sido invisibilizadas nos mais diversos campos da atividade humana, entre os quais se inclui o artístico-literário. Em consonância com os documentos oficiais, incluem-se, também, escritores e escritoras afro-brasileiros, como Carolina Maria de Jesus e Lima Barreto, contribuindo para a educação para as relações étnico-raciais.

A UFSC dedica, ainda, atenção especial para a literatura produzida em Santa Catarina, valorizando expoentes da cultura local, trazendo autores como Cruz e Sousa, Salim Miguel, Franklin Cascaes, Harry Laus, Urda Alice Klueger, Lindolf Bell, Carlos Henrique Schroeder e, neste ano, Péricles Prade. É digna de nota a presença, ao longo dos anos, de diferentes variedades linguísticas e de escritores de todas as regiões do Brasil.

A lista de leituras também leva em conta a diversidade de gêneros literários abordados na educação básica, conforme preconizado pelos Parâmetros Curriculares Nacionais, pelas Orientações Curriculares Nacionais para o Ensino Médio e, mais recentemente, pela Base Nacional Comum Curricular. Por essa razão, procura-se oportunizar, a cada nova listagem da Coperve, o contato com romances, contos, crônicas, diários, poemas, peças de teatro, relatos de viagem, textos de natureza autobiográfica, graphic novels, entre outros. Cada um desses gêneros implica um regime de leitura próprio, que não se resume à literalidade do que está escrito, uma vez que a literatura demanda a compreensão de subentendidos, implícitos, relações históricas e contextuais, intertextos, metáforas, alegorias, ironias e outros dispositivos linguísticos.

A arte – como comprova a história da crítica – não tem a função de consolar o leitor, tampouco de produzir tranquilidade, reiterando seus valores pessoais. Pelo contrário, o objetivo da arte muitas vezes é produzir a dissonância, o desassossego, a crítica social, a hibridação de gêneros literários e a refuncionalização linguística e temática daquilo que está cristalizado na cultura.

Com base em todos esses pressupostos e na defesa da liberdade de expressão, de criação artística e da formação de leitores críticos, juntamente com a publicação da lista de autores e obras indicados para o Vestibular 2020, em março de 2019, a Coperve disponibilizou um texto intitulado Por que ler as obras?, no qual explicita a relevância das indicações para o atual certame.

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