Coleção de literatura Brasileira: identidades em movimento

 

      Macunaíma: o herói sem nenhum caráter

 

   O que define Macunaíma “é um desejo de sabotar conceitos, de frustrar expectativas de leitura, de criar ambiguidades. (...) Nenhum livro do período é mais importante do que ele, tanto pela busca de caminhos ficcionais quanto pela desnegativação da nacionalidade".  (Miguel Sanches Neto)

 

   Autor: Mário de Andrade

  Organizadores: Miguel Sanches Neto e Silvana Oliveira

   

                   

 


Apresentação

Publicada em 1928, a obra de Mário de Andrade é considerada um dos principais romances modernistas. A narrativa é uma rapsódia sobre a formação do Brasil, em que vários elementos nacionais se cruzam numa narrativa que conta a história de Macunaíma, o herói sem nenhum caráter. O autor recorreu ao seu vasto conhecimento do folclore nacional e aos preceitos da produção literária modernista para realizar essa tarefa.

Macunaíma nasceu no fundo do mato-virgem, filho do medo e da noite, uma criança birrenta, preguiçosa e de mente ardilosa. Passa a infância em uma tribo amazônica até que toma banho de mandioca brava e se torna um adulto. Apaixona-se por Ci, a Mãe do Mato, e com ela tem um filho que morre ainda bebê. Após a morte do filho, Ci sobe aos céus de desgosto e vira uma estrela. Macunaíma fica muito triste por perder sua amada. A única recordação dela é um amuleto, “muiraquitã”, mas ele o perde. Ao descobrir que o amuleto está em São Paulo, na posse de Venceslau Pietro Pietra, o gigante Piamã comedor de gente, Macunaíma parte para lá com seus dois irmãos. Após algumas tentativas, ele consegue de volta o amuleto e retorna para sua tribo na Amazônia. Algumas aventuras depois e ele perde novamente o amuleto. Decepcionado, Macunaíma também sobe aos céus.


Sobre o autor

Mário de Andrade

Um dos nomes de maior relevância para o Modernismo Brasileiro, Mário de Andrade compôs uma obra múltipla, desde os anos heroicos do movimento nascido com a Semana de Arte Moderna de 1922. Com a publicação dos poemas de “Paulicéia Desvairada”, o autor foi capaz de equalizar a potência da sua criação com as mudanças exigidas pela arte e pela cultura brasileira daquele momento. Em 1942, ele faz o inventário do movimento no famoso texto “Modernismo Brasileiro” e nos aponta três princípios fundamentais, que teriam sido a preocupação e a herança do Modernismo: o direito à pesquisa estética; a atualização da inteligência artística brasileira; a estabilização de uma consciência criadora nacional. Mário reconhece, então, não haver ineditismo em relação a outros movimentos artísticos anteriores, mas destaca o aspecto de articulação coletiva desses princípios, o que teria sido o verdadeiro mérito modernista. O autor marca o século XX com a sua produção poética, narrativa, teórica e crítica e se mantém como referência fundamental para se pensar não apenas o Modernismo Brasileiro, mas todo o processo de formação e consolidação de uma dicção própria para a literatura no Brasil.

 

Sobre os organizadores

Miguel Sanches Neto

Professor associado do Departamento de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Ponta Grossa. Pós-doutor em Literaturas de Língua Portuguesa (Universidade do Minho, Portugal); doutor em Teoria e História Literária pela Unicamp e Mestre em Estudos Literários (UFP). É autor, entre outros, dos romances “Chove sobre minha infância”, “Um amor anarquista”, “A primeira mulher” e “Chá das cinco com o vampiro” e das coletâneas de contos “Hóspede secreto” e “Primeiros contos”. Atualmente é reitor da Universidade Estadual de Ponta Grossa (2018-2022).

 

Silvana Oliveira

Professora associada do Departamento de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Ponta Grossa. Pós-doutora em Literatura Comparada (UERJ); doutor em Teoria e História Literária (Unicamp) e mestra em Estudos Literários (UFP). É autora, entre outros, dos livros “Análise de textos literários: poesia”, "Textualidades Contemporâneas – a crítica literária no século XX" e “Literatura Portuguesa II – PROLICEN”. Atualmente coordena o Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Ponta Grossa (2017-2019).