“Residência Pedagógica” é avaliada por residentes, professores da escola e da UFFS
Sucesso. É assim que os envolvidos na “Residência Pedagógica”, iniciativa da professora Adriana Andreis, do curso de Geografia da UFFS – Campus, resumem a experiência, que foi realizada com a Escola de Educação Básica Coronel Lara Ribas

Publicado em: 15 de janeiro de 2018 10h01min / Atualizado em: 16 de janeiro de 2018 06h01min

Depois de um ano intenso para a escola, estudantes e professores da UFFS – Campus Chapecó, o momento é de avaliar a primeira experiência com a “Residência Pedagógica”, aplicada nos componentes curriculares Estágio Supervisionado III (em 2017.1, que englobou, de modo geral, convivência com a escola, estudo de documentos, participação e assistência em aulas) e Estágio Supervisionado IV (em 2017.2, de efetiva atuação como docente) do curso de Geografia. A proposição foi da professora Adriana Maria Andreis, com o apoio do professor Willian Simões.

A “Residência Pedagógica” vai além de estar em sala de aula. É definida pela professora Adriana como “morar, habitar na escola para aprender a ser professor”. Dois pontos, portanto, segundo a professora, diferem o estágio tradicional da Residência: o convívio do graduando com a escola, que na residência é intensivo; e a presença do professor da universidade em uma única escola, tornando a interlocução muito mais produtiva e a troca entre escola e UFFS ficando mais evidenciada (e não somente uma busca de informações por parte da Universidade na escola).

A professora da Escola de Educação Básica Coronel Lara Ribas, Anelise Schmidt, que tem experiência de 24 anos na docência – dos quais 21 na Escola Lara Ribas – resume a experiência: “momento ímpar para o graduando”. Para ela, o residente consegue ter uma dimensão mais ampla do que é a escola. “A Residência possibilitou aos acadêmicos conhecer a escola, como funciona, como se articula, que relações estabelece. Acima de tudo, serve para que o acadêmico perceba que o professor precisa atuar com a competência teórica, mas também apreender as relações e os limites que cada escola tem no trabalho cotidiano”.

Ela relata que no Estágio III os residentes tiveram uma “riquíssima experiência de observação das atividades, metodologias e também pequenas intervenções, algumas práticas acompanhada e dialogada com o professor titular”. Assim, segundo a professora Anelise, o Estágio IV se tornou mais tranquilo, porque ele (graduando) já havia se apropriado de vários conhecimentos práticos, que ela considera de “chão de fábrica”. “Isso possibilita que ele alie o conhecimento teórico com a prática e consiga trazer isso para a realidade do aluno, sem abrir mão dos conhecimentos teóricos”, destaca.

O estudante Lucas Azeredo, que foi “residente” (os outros dois “residentes” foram Leodir Padilha e Alexsandra Aparecida Viana), confirma a essencial troca de informações e conhecimentos com os professores da escola. “A atuação tangencial dos professores me trouxe segurança na docência. Desde quando nos encontrávamos para desenvolver os planejamentos, as professoras titulares já mostravam que atividades poderíamos desenvolver com determinada turma, sempre me ajudando em como atuar”.

A professora considera a "Residência Pedagógica" positiva para as escolas e também para a pessoa que passa pelo processo. “A residência é fundamental, porque aponta para possibilidades de termos professores licenciados com uma competência ímpar. Eles percebem que o professor precisa se planejar, adequar suas metodologias e entende que podem sonhar em ser felizes na sua profissão. E digo mais: a residência também serve para eles saberem se é isso que desejam enquanto profissionais. As licenciaturas são um desafio hoje, e carecemos de professores com responsabilidades e competências teóricas e práticas. A residência possibilita termos uma esperança, com professores jovens, porém com a capacidade e o comprometimento naquilo que querem realizar - como pessoas e como profissionais”, finaliza.

Lucas confirma exatamente o que diz a professora Anelise: “Ressalto também o amor à profissão. Vivenciar uma escola viva, como foi o caso da EEB Cel Lara Ribas, pra mim, trouxe um ar de esperança, e a consciência de como um professor pode ajudar um aluno ou aluna a seguir seus sonhos”.

As opiniões da professora Anelise são bastante parecidas com a percepção da professora Adriana. “As marcas para os alunos que fizeram a Residência – as marcas que digo são as de aprender a ser professor com a escola e não para a escola – valem a pena. Mesmo que a gente consiga fazer só uma parte, que tenha que investir muita energia nisso e mesmo se tivéssemos que disponibilizar um transporte saindo da Universidade para as escolas, valeria a pena. Pelo que eles aprendem em termos de conhecimentos conceituais e metodológicos, sobre a escola, o sistema educacional, com a relação com o professor titular – de parceiro – e com a escola. E pela troca efetiva entre o professor da escola e o residente, entre a UFFS e a escola”, entusiasma-se.

O futuro da Residência Pedagógica, porém, ainda está incerto. Conforme a professora Adriana, foi possível realizar a residência somente com os estudantes do matutino. Porém, o curso no período matutino foi encerrado. “Percebemos que há uma dependência dos nossos alunos ao trabalho e, assim, eles têm pouco tempo para dedicar ao curso. Além disso, temos a dificuldade com o transporte”. Apesar disso, de acordo com a professora Adriana, o apelo da escola é de que a residência continue.