Ação proporciona vivências diferenciadas a estudantes participantes de Liga Acadêmica
Estudantes foram a aldeia, em Ipuaçu, para pré-natal coletivo

Publicado em: 10 de março de 2023 14h03min / Atualizado em: 13 de março de 2023 08h03min

A Liga Acadêmica de Enfermagem Obstétrica (Laenfo), que congrega estudantes de Enfermagem da UFFS – Campus Chapecó, da Udesc e da Unochapecó, programa as atividades para o ano de 2023. A primeira será a abertura de inscrições para novos membros e para a diretoria, logo no início do semestre, assim como a organização do calendário de atividades.

Conforme a atual presidente da liga, a estudante Letícia Jesus Soresina, alguns eventos já estão pré-definidos, como os relacionados ao agosto dourado e outubro rosa. Os membros também pensam em trazer outras temáticas a meses alusivos ligados à obstetrícia, como o abril azul (conscientização sobre autismo) e setembro amarelo (relacionado à saúde mental materna). Além disso, há a intenção de promover dois eventos maiores: um curso sobre anatomia e fisiologia do parto e um simpósio de ginecologia e obstetrícia.

A professora coordenadora da liga, Erica Pitilin, espera que as ações tenham tanto sucesso quanto as do último ano. Além da produção de conteúdo para o perfil no Instagram, o grupo fez lives, oficinas, cine debates e palestras.

Uma ação, entretanto, foi diferenciada, conforme a professora. Estudantes e a professora foram até a aldeia indígena em Ipuaçu para um pré-natal coletivo, no qual estiveram 40 mulheres, entre gestantes e puérperas. A atividade foi iniciativa de profissionais da Unidade Básica de Saúde da aldeia, ligada à secretaria de saúde do município, que buscaram a parceria com a Laenfo.

As estudantes fizeram uma fala educativa sobre a importância do pré-natal, tipos de parto e violência obstétrica, além dos cuidados com o bebê. Depois, fizeram avaliações fetais, ausculta do batimento fetal, medição da pressão arterial e atualização de vacinas. Também realizaram pinturas gestacionais e pintura fácil.

Foram entregues kits para as gestantes, contendo fraldas e outros utensílios de higiene do bebê, arrecadados pela coordenadora da Liga. As responsáveis pela unidade básica levaram uma maquiadora e uma manicure para as mulheres e foram feitas fotos, que posteriormente seriam reveladas e entregues às gestantes. A parteira indígena mais antiga da comunidade e representante nacional na Comissão de Saúde Indígena em Brasília, Matilde, também esteve no evento.

Conforme Letícia, no primeiro momento de apresentação e roda de conversa, a participação não foi muito intensa, o que ela considerou normal. “Depois de conversamos, fazermos perguntas e abrir espaço para relatos, foi ótimo. Elas deram risada, apresentaram seus relatos e fizeram perguntas”.

Embora tenham se preparado com antecedência e com a avaliação da professora Erica antes de ir ao pré-natal coletivo, as estudantes ficaram preocupadas, segundo Letícia. “Em um primeiro momento ficamos nervosas por apresentar para um grupo de gestantes e puérperas, ainda mais por terem uma cultura diferente e ser de outro município. Agora que já passou, percebemos como foi necessário e muito bem aproveitado o espaço de fala que nos foi dado. Seria ótimo se tivéssemos periodicamente oportunidades como essa. Para nós, acadêmicos, foi um dia de muito aprendizado que vamos levar para nossa vida profissional. A cultura diferente, os relatos e as vivências nos trazem percepções que muitas vezes não conseguimos vivenciar nas ATPs curriculares durante o curso”, avalia.

Letícia acredita que o evento também foi bom para as gestantes. “Apesar de algumas relatarem episódios de violência obstétrica, viram que não estão sozinhas, tiraram dúvidas e puderam ter um momento de lazer. Sabemos que a gestação e/ou o puerpério é um momento que pode ser difícil ou cheio de dúvidas”.

A professora considera que a atividade foi muito positiva, tanto para as futuras enfermeiras, quanto para as gestantes e puérperas. Para ela, tanto explicações quanto a parte prática, de avaliações das gestantes, são fundamentais. Contudo, segundo a professora, as diferenças culturais trouxeram uma camada de aprendizado a mais na formação pessoal e profissional das estudantes.