Publicado em: 21 de julho de 2021 10h07min / Atualizado em: 21 de julho de 2021 15h07min
Mais de 70 anos e uma dúvida: há idade para aprender mais? Essa, o graduando de História da UFFS – Campus Chapecó Celso Jacob Simon, de 73 anos, já não tinha há muito tempo.
Ele iniciou o curso na UFFS – Campus Chapecó em 2013, mas antes havia ingressado no curso em uma instituição comunitária. Sem condições para seguir o curso devido aos custos das mensalidades, ele adiou o sonho.
Em junho, Simon deu um passo importante na trajetória de um graduando: defendeu seu trabalho de conclusão de curso (TCC). Mas não sem antes se fazer outra pergunta: será que os outros têm o que aprender comigo?
O questionamento veio quando ele pensou em contar a história de um contemporâneo da sua profissão – o dono do local no qual ele trabalhou por muito tempo. Mas seu professor orientador, Antônio Miranda, ressaltou que a história de Simon rendia, sim, um TCC.
Nascido em Seara e morador de Chapecó há décadas, Simon começou a atuar como alfaiate muito jovem, aos 16 anos, ainda na cidade natal. Durante essa trajetória precisou parar de estudar para investir na profissão.
Casou, teve filhos e só conseguiu voltar a estudar depois dos 50 anos, quando finalizou os chamados primeiro e segundo graus. “Era no Paraná. Uma vez por mês, saíamos na quinta e voltávamos no sábado. Fiz isso durante dois anos”, relata ele.
Passou no vestibular no início dos anos 2000, mas desistiu ao perceber o orçamento familiar apertando. Depois da criação da UFFS, em 2009, ele retomou a ideia de estudar. “Pensei: quer saber de uma coisa? Vou fazer o ENEM. Passei, não de primeira, mas na segunda chamada!”, lembra ele.
Na turma de Simon, dos 50 que iniciaram o curso, apenas seis se formaram. “Tem que estudar. A federal não é fácil”. Simon não foi um dos formandos, mas isso não é o mais relevante para ele. Como ele mesmo fala, o que deseja é se desenvolver, aprender.
E foi dessa forma que um dos desafios mais temidos pelos estudantes, o TCC, está escrito, apresentado e aprovado. Aliás, ele conta que foi durante os estudos para a composição do TCC que ele descobriu ainda mais sobre a arte de coser, como dados históricos a respeito da profissão.
Sobre sua trajetória na profissão, Simon lembra que ela sempre esteve ligada à História. No TCC, ele menciona a respeito do local onde trabalhou por muitos anos como alfaiate: “aquele espaço que se fazia roupas, também servia como um ponto de encontro de pessoas influentes e políticos da cidade. Existia uma roda de chimarrão, na qual essas pessoas conversavam sobre tudo que acontecia na cidade. Eu chegava uma hora antes do meu horário para participar desse momento de conversa. Essa roda de chimarrão continuou acontecendo por mais de 50 anos e após a morte do alfaiate Martinelli ela acontecia em outro espaço”.
Para Simon, o tempo que ele está na UFFS vai muito além do aprendizado e dos conhecimentos. A relação com as pessoas, conversar e saber mais da história dos outros foi uma realização. As “festas” da turma, inclusive, renderam: um dos filhos de Simon conheceu a namorada em um desses eventos, já que ela era colega de sala dele e houve jantares e almoços na casa do alfaiate, o que favoreceu o encontro.
Ao contrário da profissão de alfaiate, que, para ele está findando aos poucos, a vida das pessoas – assim como a sua – segue e rende uma história. “Se você tentar, você pode errar; se você não tentar, você já errou!”, finaliza ele.
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