Pesquisadores constatam redução de toxicidade de agrotóxico no solo com uso de lodo da Estação de Tratamento de Efluentes
Conclusão de pesquisadores da UFFS – Campus Chapecó é de que o lodo pode ser aplicado como ferramenta para a remediação de solos agrícolas contaminados com agrotóxico.

Publicado em: 31 de outubro de 2022 13h10min / Atualizado em: 31 de outubro de 2022 16h10min

A pesquisa “Potencial do lodo de estação de tratamento de esgoto na redução da toxicidade do inseticida Imidacloprido para a fauna no solo”, desenvolvida e financiada pela UFFS, chegou a conclusões importantes. A principal delas é que a redução da toxicidade de agrotóxico no solo a partir do uso do lodo proveniente de uma estação de tratamento de efluentes (ETE).

Além disso, conforme o coordenador do projeto, professor dos cursos de Engenharia Ambiental e Sanitária e Agronomia, Paulo Roger L. Alves, o lodo, que é um resíduo gerado em abundância e de difícil descarte, poderá ter uma destinação adequada devido ao seu potencial de remediação de solos agrícolas contaminados com o agrotóxico.

Os resultados do estudo foram publicados em periódico internacional (Environmental Science and Pollution Research) e podem ser acessados na íntegra.

“O objetivo principal do estudo foi avaliar o efeito da aplicação de doses crescentes de lodo de ETE em solos agrícolas como forma de reduzir o potencial tóxico de um inseticida amplamente utilizado na agricultura para o tratamento químico de sementes (Imidacloprido) para colêmbolos da espécie Folsomia candida, que são bioindicadores de qualidade dos solos”, explica o professor.

Ou seja, resumidamente: a sobrevivência ou não e os impactos sobre a reprodução desse pequeno animal do solo podem indicar os impactos do uso dos agrotóxicos sobre a saúde dos solos. Por exemplo, os inseticidas aplicados no tratamento de sementes agrícolas causam toxicidade e redução das populações de colêmbolos, o que representa uma perda de saúde do solo. Então, o grupo utilizou doses crescentes do lodo para confirmar se, de fato, o resíduo da ETE poderia ser utilizado como ferramenta para reduzir potencial tóxico do inseticida Imidacloprido em solos agrícolas.

A pesquisa teve várias fases, passando pela avaliação preliminar da toxicidade individual do lodo e do agrotóxico em solos e, a seguir, o grupo realizou experimentos com várias doses de lodo e doses crescentes de agrotóxicos. Os experimentos foram realizados em duas das principais classes de solos do Brasil – Latossolo (argiloso) e Neossolo (arenoso).

O professor adverte que não é possível usar indiscriminadamente qualquer lodo em qualquer solo. É necessária a análise prévia do material e que ele esteja dentro de determinados padrões. Também há culturas específicas nas quais é possível utilizar o lodo, e outras, como hortaliças, não. Portanto, segundo ele, é fundamental que os produtores busquem orientações técnicas.

Participaram da pesquisa, além do professor Alves, o professor Jorge Luís Mattias (Agronomia e Engenharia Ambiental e Sanitária da UFFS) e a professora sênior da ESALQ/USP Elke Cardoso, os egressos do curso de Engenharia Ambiental e Sanitária da UFFS Mikael Renan Lodi, Thalia Smaniotto Graciani, Sabrina Oroski e Felipe Ogliari Bandeira (atualmente doutorando na UFSC, com a coorientação do professor Alves).

 

A NSC TV fez uma matéria sobre a pesquisa. Assista!