Publicado em: 27 de novembro de 2014 12h11min / Atualizado em: 09 de janeiro de 2017 08h01min
Com a presença de representantes de movimentos sociais, pesquisadores, professores, estudantes e comunidade regional, iniciou na noite desta quarta-feira (26) o primeiro Colóquio do Núcleo Interdisciplinar de Pesquisa e Estudos Agrários, Urbanos e Sociais (Nipeas), na Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) – Campus Erechim. A conferência de abertura foi ministrada pelo professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp) Bernardo Mançano Fernandes, que abordou o tema “A Universidade Popular e a Questão Agrária”. A programação do Colóquio segue nesta quinta (27) – tarde e noite – e sexta-feira (28) – manhã, tarde e noite.
Antes do evento Fernandes participou de um diálogo com estudantes e professores em que falou dos aspectos principais das pesquisas que vêm desenvolvendo em torno da questão agrária brasileira no século XXI. De acordo com o pesquisador, quando se analisa essa área é preciso ter em mente que a questão agrária acontece a partir das relações capitalistas. “A riqueza produzida pelo trabalho é concentrada pelas empresas capitalistas, de maneira que, uma grande parte dos agricultores acaba trabalhando, produzindo, mas não consegue uma renda suficiente, inclusive, para a sua própria subsistência. A renda capitalizada da terra para mim é o elemento principal daquilo que nós chamamos de questão agrária, porque a partir do momento que o agricultor não consegue ter uma renda suficiente para sobreviver o capital cria um processo de desigualdade, de diferenciação, que gera pobreza, miséria, destruição do agricultor”.
Fernandes explica que ao mesmo tempo que o capital, através da renda capitalizada da terra, destrói esse agricultor camponês, familiar, ele também o recria por meio de processos como o arrendamento de terras e as ocupações. Nesse sentido, a reforma agrária é um elemento para a recriação do campesinato. “O que se tem visto no Censo Agropecuário é que o processo de destruição é maior que o processo de recriação, e não é só no Brasil. O número de agricultores está diminuindo em praticamente todo o mundo”, afirma.
Segundo ele, atualmente, há elementos relativos à questão agrária que na década de 90 não eram tão expressivos, os quais se tornam importantes, especialmente pela expansão do agronegócio, o qual além da concentração de terras, tem outras características, como a estrangeirização. Para Fernandes, este aspecto tem raízes, principalmente, no fato de o campo ter deixado de ser apenas produtor de comida e de fibras, passando a ser visto, também, como produtor de energia, por meio dos agrocombustíveis. “Ao mesmo tempo que o agronegócio se fortalece com base nisto, também tem um ponto fraco que se chama agrotóxico, ou seja, o problema que os agrotóxicos têm produzido na saúde humana e ambiental tem colocado em jogo o futuro do agronegócio. Me parece que um elemento novo da questão agrária para os próximos anos é a disputa entre commodities e comida, ou melhor, comida saudável”, diz.
Abertura
No ato oficial de abertura do I Colóquio do Nipeas, a mesa de honra contou com a presença do diretor da UFFS – Campus Erechim, Ilton Benoni da Silva, do coordenador do Nipeas, Émerson Neves da Silva, do representante da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar da Região Sul (Fetraf-Sul), Douglas Cenci, do representante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Rafael Motter, e do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Miguel Stedile.
Na noite desta quinta-feira (27), além da mesa de debates “Atores Sociais, Projetos de Emancipação e a Produção do Conhecimento na Fronteira Sul”, ocorrerá uma homenagem ao primeiro coordenador administrativo da UFFS – Campus Erechim, Dirceu Benincá, indicado pelas organizações do movimento pró-universidade para a função durante o período de implantação da instituição.
Para saber mais sobre a programação do Colóquio acesse o blog: coloquionipeas.blogspot.com.br/.
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