Laboratório de Cinema proporciona intercâmbio entre estudante francesa e alunos em Erechim

Publicado em: 17 de abril de 2014 13h04min / Atualizado em: 09 de janeiro de 2017 07h01min

O português ainda está carregado de sotaque, mas isso não abala o interesse da turma. Desde o dia oito de abril cerca de 80 estudantes da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) – Campus Erechim estão compartilhando conhecimentos e produções audiovisuais no Laboratório de Cinema, coordenado pela estudante francesa, Alice Gallouin. A atividade integra a programação cultural da UFFS – Campus Erechim e será realizada, semanalmente, até maio.

A proposta é repassar conhecimentos básicos sobre cinema aos acadêmicos, como noções de roteiro, montagem e divulgação por meio da internet. O desafio é que ao final do Laboratório eles tenham produzido os próprios filmes por meio de uma técnica que utiliza fotografias na constituição das cenas, chamada de stop motion. Como contrapartida a estudante francesa, que oferece a oficina voluntariamente, pratica o português e conhece mais da cultura e da produção audiovisual nacional.

Alice estudou cinema na Universidade Paris VII e fez intercâmbio na Universidade de Bolonha, Itália, antes de vir ao Brasil para o que ela chama de “ano sabático”.

A estudante Mayane Haushahn Bueno, da nona fase de Pedagogia da UFFS – Campus Erechim, é uma das participantes do Laboratório de Cinema. Para ela, a oportunidade é uma das formas de tornar a Universidade um “nicho de linguagens e roteiros escritos por pessoas com histórias diferentes e com saberes a compartilhar”.

“O primeiro dia da oficina com a Alice teve direito à sala lotada e a uma charmosa sonoridade francesa, típica da sua origem. Ela nos desafiou a perceber o cinéfilo escondido em nós, provocou-nos dizendo: 'se as crianças podem produzir esses filmes, vocês também podem'”, conta Mayane, citando um dos exemplos de produções apresentados durante o Laboratório.

Para conhecer o Brasil

Alice chegou ao Brasil com o apoio de uma congregação religiosa. Ela está há cerca de dois meses no país, metade desse tempo em Erechim, onde deve permanecer até o final de maio. Depois ela seguirá para o Recife.

Na cidade, além de ser voluntária na coordenação das duas turmas do Laboratório de Cinema na UFFS, que têm encontros às segundas e terças-feiras, Alice trabalha na Obra Promocional Santa Marta – que atende adolescentes em situação de vulnerabilidade social – e na Associação de Recicladores Amigos da Natureza (Arcan) – onde auxilia na separação de material reciclável.

Ela também já atuou como voluntária na Romênia e em atividades na própria França. Na Itália ela trabalhou cinco meses para a Aliança Francesa, que é uma instituição para divulgação da cultura do país. Durante esse período ela realizou o Laboratório de Cinema com adolescentes italianos.

Sobre o convite para fazer o Laboratório na UFFS, a estudante diz que ficou muito empolgada com a possibilidade de trabalhar com jovens que têm idade muito próxima da dela. Alice tem 22 anos e reside na periferia de Paris.

“Jamais trabalhei com pessoas da minha idade, então, é muito diferente e muito gostoso. Eu quis experimentar fazer isso. Eles são brasileiros de várias partes do país, a maior parte de Erechim, mas têm de São Paulo, Porto Alegre, etc. Então, eles têm uma vida diferente entre si e, sobretudo, se compararmos com a França, porque sem falar de ricos e pobres, há muita diferença, é outra cultura, outra língua, outro modo de viver, de comer, de estudar. A vida deles vai ser vista no filme que eles farão, porque a vida deles vai influenciar no filme. Acho que vai ser muito interessante para mim ver que o cinema é muito diferente entre um país e outro, porque eu ensino como fazer 'de um modo francês', mas eles vão aprender do jeito deles, vão juntar coisas bem brasileiras”, conta.

Sobre a produção em si, ela explica que hoje é muito simples fazer um vídeo, especialmente com o advento da internet e se a matéria-prima do audiovisual for fotos. “Você precisa de um celular para fazer fotos, escrever um texto, fazer a montagem - que pode ser com programas gratuitos - e, depois, colocar isso na internet. Basta que você faça um filme muito lindo, que muitas pessoas gostem, e é possível, até mesmo, trabalhar no cinema”, descreve Alice.