Pesquisadores da UFFS-Campus Erechim reduzem em 50% uso de herbicidas em lavouras

Publicado em: 26 de setembro de 2014 13h09min / Atualizado em: 09 de janeiro de 2017 08h01min

Uma série de pesquisas vêm sendo realizadas na Universidade Federal da Fronteira Sul – Campus Erechim para buscar alternativas que garantam redução no uso de herbicidas em cultivos de milho e feijão e, consequentemente, diminuam o custo de produção e os danos ambientais sem prejuízo ao desempenho das lavouras. Nos últimos meses, alguns resultados foram apresentados em congressos e eventos. Um deles chama a atenção. Conforme o professor da UFFS – Campus Erechim, Leandro Galon, os pesquisadores conseguiram reduzir em 50% o uso de herbicidas – em comparação com o recomendado pelos fabricantes dos insumos – nas lavouras experimentais, associando monitoramento, cobertura de solo e plantio direto.

“O recomendado de um determinado herbicida era entre cinco e seis litros, nós aplicamos 2,5 litros por hectare, de outro era 1,25 litro, nós aplicamos 0,75, e controlamos 100% as plantas daninhas”, explica o professor Galon, que coordena uma série de estudos na área e integra o grupo de pesquisa Manejo Sustentável em Sistemas Agrícolas (Massa), o qual conta com professores dos campi Erechim e Chapecó da UFFS, pesquisadores da Embrapa, professores de outras instituições de ensino superior e estudantes.

Cobertura de solo

Segundo Galon, para se chegar a esse resultado um dos principais fatores é a implantação de uma boa cobertura de solo. “Se você quiser ter uma cultura de verão bem estabelecida e usar menos agrotóxico possível, você tem que ter coberturas de inverno, como aveia, ervilhaca, nabo”, diz. As pesquisas também levam em consideração o tipo e a qualidade do solo, clima e índices de precipitação, de modo a estabelecer parâmetros específicos para o Alto Uruguai.

Devido à importância da cobertura de solo e do plantio direto para reduzir o uso de herbicidas, um dos focos das pesquisas é, justamente, avaliar culturas e formas de manejo eficazes para a região.

No caso da cultura do feijão, além de pesquisar alternativas para reduzir os agrotóxicos, os pesquisadores estão avaliando o nível de dano econômico da presença de plantas daninhas, ou seja, quantas plantas daninhas podem ser deixadas por metro quadrado sem causar dano à cultura. “Não há nenhum trabalho sobre isso no Rio Grande do Sul para lavouras de feijão”, conta o pesquisador.

Além disso, pesquisas que iniciaram com o Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia Ambiental pretendem ir além. Como exemplo, o professor cita um mestrando que está estudando bio-herbicidas, que são produtos de origem orgânica com potencial para o controle de plantas daninhas. “As pesquisas da nossa pós-graduação estão no início e já demonstram que devem colaborar muito com o fortalecimento da pesquisa na Universidade”, diz.

Estrutura

O grupo Massa trabalha com diferentes subprojetos, organizados no bojo de três grandes projetos “guarda-chuva”: sistema de plantio direto e manejo de culturas de inverno e/ou verão com menor impacto ambiental na região do Alto Uruguai do Rio Grande do Sul (com financiamento do CNPq); viabilidade do sistema de plantio direto e manejo sustentável de plantas daninhas na região do Alto Uruguai do Rio Grande do Sul (com financiamento do CNPq); e implantação de plantio direto e controle de plantas daninhas com menor impacto ambiental na Região do Alto Uruguai do Rio Grande do Sul (com financiamento da Fapergs).

O resultado desses estudos vem sendo socializados em eventos nacionais. No Congresso Brasileiro de Milho e Sorgo, realizado em agosto na cidade de Salvador/BA, foram seis trabalhos apresentados. No Congresso Brasileiro de Plantas Daninhas, realizado no início deste mês em Gramado/RS, foram 11. “Todos gerados aqui, no nosso Campus”, conta Galon.

Além disso, algumas pesquisas são realizadas por meio de redes, especialmente envolvendo pesquisadores da Embrapa e outras instituições de Ensino Superior. “Temos tido muito sucesso com esse formato de pesquisas em rede, tanto na aprovação de projetos de fomento como para gerar produção científica”, explica.