Comissão estuda viabilidade de Escola de Educação Básica Federal no Campus Chapecó
Uma das ações é pesquisar o interesse e como a comunidade acadêmica compreende a escola

Publicado em: 26 de agosto de 2022 12h08min / Atualizado em: 26 de agosto de 2022 12h08min

A comunidade acadêmica da UFFS – Campus Chapecó será convidada a participar de uma enquete sobre a Escola de Educação Básica Federal, conhecida como Escola de Aplicação. A enquete visa recolher dados de interesse do estudo de viabilidade da criação de uma escola de Educação Básica Federal no Campus Chapecó.

O grupo realiza estudos a respeito da viabilidade da implantação de uma escola de aplicação na UFFS – Campus Chapecó desde dezembro de 2021.
Conforme a professora Noeli Gemelli Reali, uma das integrantes do grupo, escolas com esse modelo existem desde 1837, com a criação do Colégio Pedro II. A expansão, com finalidades próximas às do Pedro II, aconteceu a partir do Decreto Federal n.º 9.053, em 1946, quando o Presidente da República, Eurico Gaspar Dutra, criou os Ginásios de Aplicação nas Faculdades de Filosofia do país. Atualmente existem 17 escolas de aplicação no país.

A professora explica que as escolas de educação básica federais possuem autonomia curricular e pertencem aos quadros do ensino superior. “Isto significa que os/as docentes prestam concurso público seguem a mesma carreira dos professores universitários. A pesquisa, a extensão e o ensino marcam a principal diferença e sua qualidade em relação aos demais modelos. Existe, nessas escolas, um profundo envolvimento dos diversos cursos da universidade que atuam em parceria com foco na experimentação, no ensino de excelência, na pesquisa e na extensão de programas e projetos educacionais e sociais”.

Assim, pontua ela, “o objetivo da implantação dessa modalidade de escola é oferecer à comunidade local e regional uma importante referência de escola e de currículo diferenciado. Os estudos, ainda preliminares, apontam para a viabilidade dessa escola. Contudo, enfrentamos um quadro de desinformação acerca das mudanças e das atividades desenvolvidas nessas escolas”.

Uma das constatações já feitas pela comissão é que há apenas duas escolas públicas de Ensino Médio no entorno do Campus da universidade: uma no bairro Efapi e outra em Guatambu.

A ideia de ter uma escola de aplicação na UFFS – Campus Chapecó foi, na verdade, conforme o professor Maurício Siewerdt, demanda da comunidade universitária por educação básica aos filhos de servidores durante o expediente. Entretanto, ele explica que, desde meados da década de 1990, deixou de ser prerrogativa das escolas de aplicação haver vagas para filhos de servidores. O ingresso passou a ser feito por sorteio, e a escola precisa atender as demandas da comunidade em geral.

A comissão fez um estudo para compreender a história dessas escolas. “Fomos nos dando conta do mosaico que constitui essas escolas: a partir de seus diversos nomes – alguns são colégios de aplicação, tendo desde os anos iniciais do Ensino Fundamental, passando por todos os anos finais até o Ensino Médio, que são os colégios de aplicação; também ha os colégios de aplicação com ênfase somente nos anos finais do ensino fundamental e no ensino médio. Também em muitas universidades existem escolas voltadas à educação infantil, normalmente desvinculadas e gozando de certa autonomia em relação aos Colégios contando, inclusive, com direção própria. Então há uma diversidade enorme da maneira como são organizados”, contextualiza ele.

O professor também ressalta que a comissão vê a criação de uma escola de aplicação na UFFS – Campus Chapecó como uma importante ação para a região. “Queremos criar uma instituição que seja modelo e referência no Oeste catarinense do que pode ser uma escola com padrões diferenciados de condições de trabalho dos professores, com relação à carga horária e autonomia didático-pedagógica, além de dar condições para que o professor possa atuar alicerçado no tripé ensino, pesquisa e extensão”.

Ele ressalta que as condições de trabalho dos professores da educação básica no Brasil são bastante precárias, especialmente quando se leva em conta o tempo que eles têm em sala de aula e o salário. “Ao mesmo tempo, são desafiados a implementarem pedagogias novas e que compreendam cada estudantes como uma singularidade a ser acompanhado com suas próprias idiossincrasias. Para isso é preciso ter uma carga horária diferenciada, a exemplo das escolas europeias, japonesas, russas ou chinesas. O número de alunos por sala de aula também é importante para que essa atenção individual seja possível”.

Ao final das atividades da comissão de estudo de viabilidade, o relatório será entregue à Direção da UFFS – Campus Chapecó. A previsão é de conclusão em dezembro de 2022.