Campus Erechim prepara exposição de animais taxidermizados em projeto de educação ambiental
Iniciativa do curso de Educação do Campo utilizará o espaço Conexões das Ciências para promover ações com escolas da região

Publicado em: 15 de maio de 2018 11h05min / Atualizado em: 15 de maio de 2018 11h05min

Serpentes, jacaré, aves e capivara. Você já pensou em abrir a porta de uma sala e dar de cara com todos esses animais? Sim, é possível. Pelo menos se você estiver no novo bloco da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) – Campus Erechim. Ali, no segundo andar, encontra-se um acervo com todas essas espécies. Os animais, que estão taxidermizados, fazem parte do Espaço Educativo Conexões das Ciências.

Aqui, cabe uma explicação: a taxidermia é uma técnica de preservação da forma da pele e tamanho dos animais, buscando conferir uma aparência de que os bichos estão vivos. É usada para fins científicos, educativos ou artísticos. Há ainda quem utilize a expressão “animais empalhados”. O termo caiu em desuso tendo em vista que a palha é apenas um dos produtos para encher a pele dos animais. Hoje a taxidermia já envolve uma complexidade de técnicas muito maior.

Explicação feita, voltemos à UFFS. O Espaço Educativo Conexões das Ciências faz parte de um amplo projeto de extensão, realizado pelo curso de licenciatura Interdisciplinar em Educação do Campo: Ciências da Natureza, e que vai promover, nos próximos meses, atividades voltadas a professores e alunos de escolas de Educação Básica da região, além de auxiliar na formação dos acadêmicos da Universidade, na formação de monitores, entre outras ações.

Coordenada pela professora Cherlei Coan, a iniciativa inclui também uma exposição temática que abordará os biomas do Rio Grande do Sul. “A ideia é expor a coleção de animais de modo que eles estejam inseridos em seus ambientes naturais, procurando dar uma ideia do habitat das espécies”, explica a docente.

Equipe do projeto trabalha na revitalização dos animais taxidermizados

A exposição contará ainda com painéis temáticos e banners sobre os biomas gaúchos, retratando elementos da paisagem natural e da cultura regional. “Será um importante instrumento de educação ambiental, oportunizando ao público conhecimento relevante sobre o papel da fauna nos ecossistemas e a necessidade de proteção e conservação”, adianta Cherlei. “O próprio universo das cores e das formas da natureza, presentes nos pelos, nas peles, nas penas, nas patas e nos bicos dos animais, são elementos que atraem a atenção, despertam a curiosidade sobre o conhecimento da natureza, suas formas e seus eventos”.

Ao mesmo tempo em que estão sendo planejadas atividades pedagógicas para que os visitantes da exposição possam interagir com os elementos, a equipe do projeto trabalha na revitalização dos animais taxidermizados. O acervo, doado pela Mitra Diocesana de Erechim, necessitava de limpeza e medidas de conservação. O trabalho é delicado: consiste em escovar pelos, alinhar penas, costurar, colar ou pintar algumas partes dos bichos, revitalizando as peças do acervo para que permaneçam com a aparência mais próxima do real.

“Alguns exemplares apresentam uma taxidermia mais amadora, verificada pelas deformações das montagens e pela qualidade do suporte sobre os quais foram depositados”, conta a professora Cherlei. “Outras peças, entretanto, ainda sustentam a aparência de vida, e os animais foram montados em suportes de qualidade superior às demais”.

Para o trabalho de revitalização, a equipe conta com o apoio técnico do laboratorista Marcelo Zvir de Oliveira, técnico em Anatomia e Necropsia da UFFS - Campus Passo Fundo, bem como da servidora Flávia Bernardo Chagas, técnica de laboratório de Biologia, além da bolsista do projeto, Jéssica Andressa da Rosa, acadêmica de Educação do Campo e de outros docentes do curso.

Laboratorista do Campus Passo Fundo, Marcelo Zvir de Oliveira é um dos membros da equipe do projeto

Após esta etapa será realizado um curso para formação de monitores que atuarão como voluntários na dinamização das ações da exposição para, em seguida, promover a visita de professores e alunos das escolas em que os licenciandos em Educação do Campo desenvolvem seus estágios.

O projeto de extensão também irá produzir um histórico da coleção de animais, com o objetivo de entender de onde eles vieram, quem realizou a taxidermia, quem procedeu a identificação dos mesmos, e quais eram os usos e funções que a coleção tinha no Seminário. “Realizaremos uma nova análise para confirmar a identificação dos animais, e estamos planejando ações futuras para ampliar o nosso acervo, como um novo curso de taxidermia no Campus para servidores e acadêmicos”, diz a professora Cherlei.

Segundo a docente da UFFS, o projeto corrobora para melhorar a qualidade do ensino na Graduação, e tem o potencial de aproximar a Universidade das escolas onde os licenciandos do curso realizam seus estágios. “Acreditamos que espaços educativos, como os propostos nesse projeto, são estratégias ricas para o desenvolvimento de atividades educativas, articulando professores da Universidade, da escola e licenciandos na produção de conhecimentos na área do ensino de Ciências da Natureza”, conta.

“Por meio desses espaços, por exemplo, é possível conhecer a paisagem; comparar seres e ambientes, percebendo suas relações e adaptações; estudar comportamentos; entender a história de ocupação do local, características culturais da sua população, a importância da sua conservação, entre outros aspectos”, aponta Cherlei.

A abertura da exposição para a comunidade regional está prevista para acontecer no mês de setembro. “Inicialmente será priorizada a visita de grupos de professores e de estudantes das escolas de Educação Básica que atendem estagiários do curso, já que temos uma parceria firmada com estas instituições e procuramos desenvolver um trabalho coletivo na formação dos licenciandos”, explica a professora da UFFS. “Contudo, teremos eventos abertos à visitação para a comunidade regional que serão divulgados oportunamente”.

O agendamento da visitação guiada deve ocorrer a partir de contato prévio com a equipe executora do projeto, através do e-mail cherlei.coan@uffs.edu.br.

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