Aprendizagem de fenômenos sintáticos é tema de pesquisa do curso de Letras
A coordenadora da pesquisa, professora Sabrina Casagrande, explica que os fenômenos serão estudados entre os alunos do 1º ano do ensino fundamental até o 3º ano do ensino médio.

Publicado em: 01 de abril de 2013 14h04min / Atualizado em: 12 de abril de 2017 10h04min

A Sintaxe é a parte da gramática que estuda as relações dos componentes de uma oração e suas combinações para formação de períodos. O termo Sintaxe pode soar estranho, mas é essencial ordenar e relacionar as palavras adequadamente, pois se não a leitura e a compreensão dessa matéria, por exemplo, estariam prejudicadas. A investigação de estratégias de aprendizagem de alguns fenômenos sintáticos é tema de uma pesquisa que está sendo desenvolvida pelos professores curso de Letras da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) – Campus Realeza.

Intitulado “Mudança linguística, variação e ensino de norma: como a escola concilia esses três aspectos no ensino de língua materna?”, o projeto de pesquisa busca observar a aprendizagem de dois fenômenos sintáticos: o pronome oblíquo átono de terceira pessoa (Exemplo: Maria viu a calça na vitrine e comprou-a) e das orações subordinadas adjetivas (Exemplo: Alberto, que é professor, gosta de ler).

A coordenadora da pesquisa, professora Sabrina Casagrande, explica que os fenômenos serão estudados entre os alunos do 1º ano do ensino fundamental até o 3º ano do ensino médio. “A norma padrão deixa claro que há apenas uma forma de tratar esses dois fenômenos, no entanto, na língua, a gente sabe que há variações. A norma padrão, relacionada aos dois fenômenos aqui estudados, não é mais adquirida no período de aquisição típica da linguagem, então é a escola que acaba fazendo esse papel de inserir na gramática da criança a forma padrão desses fenômenos sintáticos”, detalha.

Segundo Sabrina, estudos prévios mostram que há uma certa dificuldade na aprendizagem do pronome oblíquo átono de terceira pessoa e da forma padrão das orações subordinadas adjetivas, justamente porque não são adquiridos antes de as crianças chegarem na escola, e a pesquisa quer verificar se essa é uma realidade também presente nesta região. A proposta não é apenas verificar se isso ocorre, mas, especialmente, propor estratégias de ensino. Para isso, “será realizada a análise dos livros didáticos utilizados em sala de aula, a verificação sobre a forma como esses fenômenos são ensinados e a proposição de estratégias que possam, de alguma forma, ser mais efetivas na aprendizagem desses fenômenos”, destaca.

O estudo está sendo realizado em três escolas de Realeza: Colégio Estadual Doze de Novembro, Colégio Estadual João Paulo II e Escola Municipal Independência. “Vamos fazer a coleta de dados oralmente e, antes disso, desenvolvemos oficinas de produção textual com os alunos do 6º ao 9º ano do ensino fundamental e ensino médio, em conjunto com o projeto de extensão 'Comunica Realeza', para aproximação com os alunos. Já para as séries iniciais do ensino fundamental, essa aproximação se dá via oficinas de contação de histórias”, relata Sabrina. Após este período de familiarização dos alunos com os pesquisadores e dos pesquisadores com os alunos é que as coletas de dados começarão efetivamente.

O projeto de pesquisa conta com a colaboração do professor Clóvis Alencar Butzge, além da participação da bolsista, acadêmica Jezebel Batista Lopes. O projeto está aberto à participação de voluntários.