Campo como lugar de vida e de trabalho é tema do debate sobre expansão da UFFS – Campus Realeza
No cenário apresentado, foi evidenciado como desafio a superação do uso abusivo de agrotóxicos associado ao modelo de agricultura tradicional, o problema da sucessão familiar associada à saída dos jovens do campo, com o consequente envelhecimento da população rural e a construção de um diálogo entre o campo e a cidade para integrar ações políticas e educativas que consolidem um projeto territorial sustentável.

Publicado em: 25 de outubro de 2013 19h10min / Atualizado em: 27 de março de 2017 15h03min

Nessa quarta-feira (23), por iniciativa do Conselho Comunitário, foi feita mais uma rodada de debates em torno da expansão de cursos na Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) – Campus Realeza. O evento aconteceu na Associação de Estudos, Orientação e Assistência Rural (Assesoar), em Francisco Beltrão, e contou com a participação de representantes das seguintes entidades: UNICAFES Paraná, INFOCOS, CRESOL, ASSESOAR, SISCLAF, FETRAF, CENATER Paraná, EMATER, SEAB, DERAL/SEAB, ASSEMA.

Os debates destacaram a compreensão do campo como lugar de vida e de trabalho, não só de produção. No seu conjunto, defenderam a necessidade de construção de um projeto de desenvolvimento para a agricultura para os próximos 30 ou 40 anos, vinculada à sustentabilidade e à produção de alimentos de qualidade. Dados apresentados apontam que 45,42% das propriedades rurais do Sudoeste são compostas por áreas de 0 a 10 hectares, e 29% são compostas de 10 a 20 hectares. Também indicam a participação da agricultura na economia regional e estadual em cada uma das cadeias produtivas que compõe este setor produtivo, representando, aproximadamente, 10% do Valor Bruto da Produção do Estado do Paraná.

No cenário apresentado, foi evidenciado como desafio a superação do uso abusivo de agrotóxicos associado ao modelo de agricultura tradicional, o problema da sucessão familiar associada à saída dos jovens do campo, com o consequente envelhecimento da população rural e a construção de um diálogo entre o campo e a cidade para integrar ações políticas e educativas que consolidem um projeto territorial sustentável.

Com relação à presença da Universidade, os debates assinalaram para a necessidade de os cursos de graduação não se ocuparem apenas da formação técnica, mas que qualifiquem para a compreensão social, cultural e política. Também houve preocupação com a educação do campo que antecede à vinda para a Universidade e destaque para conceber ações em prol da profissionalização da agricultura.

No que diz respeito as propostas de expansão de cursos de graduação, com base nos dados apresentados e nos desafios lançados, as entidades enfatizaram a necessidade de avançar em direção às Ciências Ecológicas, com a indicação de cursos de Agroecologia e de Engenharia Ambiental. Também destacaram a necessidade de cursos nas Ciências Humanas, envolvendo a formação social, cultural, artística e política, com ênfase nos cursos de Ciências Sociais, Pedagogia e Filosofia. No âmbito da educação, as entidades apontaram para a necessidade de fortalecimento da educação do campo, com uma visão do campo como espaço de vida e de produção. Também foram manifestados argumentos em favor das Ciências Econômicas e da Administração.

Além das preocupações com a graduação, foram feitos destaques em direção à oferta de cursos de especialização, com possibilidade de integração entre instituições situadas na Região, com destaque inicial na área de cooperativismo. Um desafio para os sistemas educacionais foi colocado no sentido de apontar para a profissionalização e certificação dos agricultores enquanto agricultores.

De acordo com o diretor do Campus Realeza, José Oto Konzen, os debates sobre a expansão contribuem para o desenvolvimento de um projeto regional para o futuro. “Uma vez definidas as áreas de conhecimento prioritárias, daremos continuidade às discussões, por meio de fóruns ou seminários a serem feitos envolvendo a comunidade acadêmica e regional, para que possamos traçar um desenho do perfil de formação e definir as linhas mestras dos projetos”, explicou.

As discussões e propostas serão sistematizadas e encaminhadas às entidades e integrarão os debates da Audiência Pública final, no dia 13 de novembro.

Próxima Audiência Pública também será realizada em Francisco Beltrão

O próximo debate tem como tema Desenvolvimento e Gestão e será realizado no dia 8 de novembro, a partir das 13h30min, na Agência de Desenvolvimento Regional do Sudoeste do Paraná, localizada na Rua Florianópolis, 478, em Francisco Beltrão. O objetivo é envolver entidades governamentais e não governamentais para discutir problemas e desafios na gestão pública no contexto regional, identificar áreas de conhecimento importantes para região e com carência de oferta de cursos e outras demandas de estudo e pesquisa para as cooperativas e micro e pequenas empresas.

Para o debate foram convidadas entidades governamentais e não governamentais que atuam em processos de desenvolvimento regional: Agência de Desenvolvimento Regional do Sudoeste do Paraná, Cacispar, SEBRAE, SESC-SENAC, SENAI, AMSOP, ACAMSOP 13/14, Secretarias e Conselhos Municipais do Trabalho, sindicatos urbanos, comunidade acadêmica da UFFS – Campus Realeza.